O investimento é percebido de forma ambígua: alguns o consideram como uma estrada para a liberdade financeira, outros como um labirinto com curvas imprevisíveis. O campo está repleto de equívocos que dificultam a gestão eficaz do capital. Desmistificar os mitos sobre investimentos requer uma abordagem prática, cálculos e compreensão dos mecanismos reais de geração de renda.
Ilusão nº 1: investir é difícil
O mito da inacessibilidade dos investimentos se formou sob a influência de concepções arcaicas sobre o mercado de ações como um clube exclusivo. Na prática, as plataformas de corretagem reduziram o limiar de entrada ao mínimo. Em 2025, mais de 62% dos investidores com menos de 30 anos começaram através de aplicativos móveis: “Tinkoff Investimentos”, “Finam”, “VTB Meus Investimentos”. Todos os serviços incluem módulos educativos, seleção automática de carteiras e previsão de riscos. O acesso aos mercados é feito sem licenças complicadas, e a entrada no mercado é possível a partir de 1.000 rublos. Para iniciantes, há o regime de CII (conta individual de investimento), que permite deduções fiscais de até 52.000 rublos por ano.

Mito sobre a expectativa injustificada: investimentos exigem muito tempo
O equívoco comum soa como: “para gerenciar o capital, é preciso acompanhar diariamente as cotações, ler relatórios e previsões”. Na prática, estratégias passivas exigem tempo mínimo. Uma carteira de índice clássica com base em ETFs (por exemplo, FXRL, FXUS, FXIT) precisa ser revisada a cada trimestre. As empresas de gestão oferecem carteiras modelo para diferentes horizontes: 1, 3, 5 anos.
A automação permite configurar compras regulares através de débito automático, e a análise vem em formato de resumos concisos. Mesmo a negociação ativa foi simplificada com a ajuda de bots e sinais de negociação integrados nas plataformas de corretagem. Por exemplo: no aplicativo da BCS, estão disponíveis dicas de análise técnica para cada ação. Assim, os investimentos no formato “para leigos” não exigem imersão nas profundezas dos modelos econômicos – basta escolher o objetivo, prazo e perfil de risco.
Erro de escala: só é possível investir com grandes quantias
Um dos principais mitos sobre investimentos é a ideia de que milhões são necessários como bilhete de entrada para o mercado. No entanto, as estatísticas das plataformas “Tinkoff” e “Alfa-Bank” para o primeiro trimestre de 2025 registram que 70% das novas CIIs são abertas com depósitos inferiores a 50.000 rublos. As ações do “Sberbank” são negociadas em torno de 280-300 rublos por ação, do “Yandex” – cerca de 3.500. Os ETFs permitem comprar uma carteira diversificada por apenas 1.000-2.000 rublos.
Existe a estratégia de acumulação: ao adicionar 5.000 rublos à carteira mensalmente, em 10 anos, com 12% de juros anuais, o capital ultrapassará 1 milhão. Assim funciona o efeito do juro composto, descrito por Einstein como o “oitavo milagre do mundo”. Os investimentos para iniciantes não exigem grandes investimentos iniciais – a regularidade e disciplina são importantes.
Ilusão de lucro garantido
A crença em lucros estáveis sem risco é o cerne de um dos mitos mais persistentes sobre investimentos. Lucros e perdas estão intrinsecamente ligados. As ações podem render 15-30% ao ano, mas a queda dos preços durante uma crise pode reduzir o capital em 20-40%. Por exemplo: o índice da MosBolsa caiu de 3.900 para 2.100 pontos em fevereiro de 2022 – as perdas foram de quase 45%.
O rendimento dos títulos depende da taxa de cupom e do prazo até o vencimento. Por exemplo, o OFZ-PD 26240 com vencimento em 2033 oferece 10,9% ao ano, mas seu preço pode variar dependendo da taxa chave do Banco Central. Compreender os riscos do investimento requer cálculos de volatilidade, duração e cenários. Apenas os depósitos oferecem rendimento garantido – mas com uma inflação de 7-8%, eles desvalorizam os fundos.
Erro de abordagem: comprar apenas uma ação é suficiente
Limitar a carteira a uma única ação é um caminho direto para prejuízos. Um dos mitos mais perigosos sobre investimentos é subestimar a diversificação. Em caso de queda de uma empresa (por exemplo, a falência da “Transaero” em 2015), o investidor perde 100% do investimento. Uma carteira equilibrada contém no mínimo 8-12 ativos de diferentes setores: TI, commodities, finanças, telecomunicações.
O investidor compra ações da “Surgutneftegas” com dividendos de 12%, da “MTS” com histórico de cupons confiável, ETFs de ouro (GLD, FXGD) para proteção contra a inflação, REIT para imóveis. Cada ativo é uma âncora anticrise. Apenas uma estrutura em vários níveis reduz as quedas.
Mal-entendido: o principal mito sobre investimentos
Um mito comum ignora a variedade de instrumentos. No mercado de ações, estão presentes:
- Obrigações do Tesouro (OFZ) – com baixo risco e cupom fixo.
- Obrigações corporativas – com rendimento elevado, por exemplo, “Rosneft” ou “Severstal” emitem títulos a 11-13%.
- ETFs – fundos de índice que abrangem os mercados dos EUA, China, ouro, imóveis.
- Fundos de investimento – instrumentos de investimento coletivo.
- Moeda – investimentos em dólar, yuan ou euro como proteção contra a inflação do rublo.
- Imóveis – aluguel ou valorização.
- Commodities – commodities, petróleo, metais.
- Criptomoedas – instrumento de alto risco, mas promissor.
Cada classe de ativos desempenha um papel em uma carteira. Com uma montagem adequada, é possível alcançar um equilíbrio entre rendimento, liquidez e risco.
Realidade esquecida: o mercado é facilmente previsível
Pseudoespecialistas frequentemente garantem a possibilidade de uma “entrada precisa” ou a previsibilidade das cotações. No entanto, o mercado de ações é um sistema não linear, onde o preço depende de milhares de fatores: taxas do Fed, geopolítica, relatórios das empresas, comportamento de massa. Prever o comportamento do NASDAQ ou da MosBolsa é impossível mesmo para algoritmos.
A estratégia “comprar e manter” mostra resultados consistentes: o índice S&P 500 de 2000 a 2023 rendeu mais de 200% sem considerar os dividendos. O investidor que tentava cronometrar o mercado perdia rendimentos com comissões e erros. Como minimizar os riscos ao investir? Usar um horizonte de longo prazo, disciplina e rotação de ativos, em vez de perseguir o hype.
Percepção distorcida: trading – um método confiável de enriquecimento
Os mitos sobre investimentos frequentemente confundem trading e investimento. O primeiro é uma especulação de curto prazo sobre flutuações de preços, o segundo é a criação de valor a longo prazo. De acordo com a Bolsa de Moscou, 87% dos traders têm prejuízo no primeiro ano. Apenas disciplina, limitação de perdas (stop-loss), gerenciamento de riscos competente e algoritmo claro criam a possibilidade de lucro.
Em média, um trader realiza até 20 negociações por dia, paga comissões, monitora gráficos. Isso está mais próximo de uma profissão do que de um investimento. O lucro não vem do jogo, mas da estrutura. Investir no crescimento das ações da “Polyus Gold” em um horizonte de 5 anos trará mais retorno do que tentar adivinhar o movimento diário da “Gazprom”.

O pensamento crítico – o principal ativo do investidor
Os mitos sobre investimentos bloqueiam a tomada de decisões racionais, distraem dos objetivos estratégicos e criam expectativas falsas. Apenas uma compreensão clara dos mecanismos, regularidade, carteira estruturada e controle emocional criam um crescimento sustentável do capital. É possível começar com pouco, usar instrumentos confiáveis e basear-se em cálculos. Investir deixa de ser “difícil” ou “arriscado” quando cada ação é fundamentada em lógica e números.